Por trás dos Arquétipos: curiosidades sobre os nomes dos móveis da coleção de Vik Muniz

A coleção Arquétipos chegou propondo uma analogia conceitual acerca do universo da psicanálise. Isso porque os nomes dos móveis, batizados pelo artista Vik Muniz, homenageiam alguns intelectuais que permeiam o estudo dos arquétipos, criados pelo psicanalista Carl Jung, entre 1909 e 1912. 

Ao colocar uma lente de aumento em itens associados ao universo infantil e da costura, o designer brinca com símbolos universais presentes no inconsciente coletivo. E é exatamente isso que são os arquétipos: padrões de comportamento e imagens que influenciam na personalidade e comportamento humano - ou, no caso da coleção, nos móveis.

“Móveis são arquétipos, pois habitam a nossa memória e o nosso repertório visual. Uma cadeira ou uma mesa são arquétipos, você usa uma vida inteira, você tem um modelo na sua cabeça. Antes mesmo de usá-los, já os reconhecemos em um nível simbólico e linguístico. Meu trabalho se desenvolve nesse jogo entre mente e matéria, entre consciência e fenômeno”, explica Vik.

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Sofá Jung

Inspirado em um dos maiores psicoterapeutas da história, que trouxe novas perspectivas sobre a mente humana e suas interconexões. Jung nasceu em 1875, na Suíça, e fundou a psicologia analítica, influenciou campos da psiquiatria, psicologia, estudo de símbolos, mitos e literatura, além de criar conceitos que acompanham os estudos psicanalíticos ao longo dos anos, como personalidade extrovertida e introvertida, noção de sincronicidade e análise dos sonhos.

Mesas Emma

Uma das mulheres pioneiras da psicologia, Emma Jung era muito mais que esposa de Carl Jung. Apesar de pouco conhecida, ela foi uma grande contribuidora da psicanálise, com dois ensaios reunidos em um livro chamado Animus e Anima, no qual apresenta uma síntese destes dois complexos funcionais da psique e de como atuam em nosso inconsciente. 

Jung e Emma conheceram-se em 1896, casaram-se em 1903 e tiveram cinco filhos.

Sofá e poltrona Campbell

Mitólogo, escritor e professor, nasceu nos Estados Unidos, em 1904. Um dos focos dos estudos dele foi o mapeamento de semelhanças entre as mitologias das mais diversas culturas humanas. Assim como Jung, Campbell entende os arquétipos como padrões estruturantes da psique humana. É um estudioso da jornada do herói, na qual reflete sobre o conceito de “monomito”. Na teoria, defende que estes protagonistas, mesmo de culturas diferentes, representam simultaneamente as várias fases de uma mesma história, dividida em três atos e doze passos.

Puff Marie-Louise

Psicoterapeuta analítica, pesquisadora e escritora da Alemanha, mas ativa na Suíça. Nascida em 1915, foi uma importante continuadora do trabalho de Carl Jung. Analisou mais de 65 mil sonhos, escreveu mais de vinte livros, e gravou vários filmes. Foi a primeira a apontar a similaridade da estrutura matemática do ADN (DNA, em inglês) com os padrões do

I-Ching (Livro das Mutações ou Clássico das Mutações).

Mais que móveis, as criações da coleção Arquétipos abrem o espaço para o nosso imaginário, resgatam memórias e celebram estes grandes nomes de estudiosos da psicologia. Uma forma de aproximar não apenas o design da arte, mas também da psicanálise, do poder da imaginação e do inconsciente coletivo por trás de formas e ideias tão presentes no nosso dia a dia, questionando a maneira como interagimos com os objetos ao nosso redor e convidando à reflexão sobre como construímos significado a partir da nossa troca com o mundo físico.